A dança de Shiva indica e celebra a possibilidade de transformar
nosso tempo em tempo de transfiguração. O mesmo se pode ver na dança de Davi
diante da arca quando a leva para Jerusalém, a passagem da esterilidade à fecundidade.
Mesmo em nossos tempos o Baal Shem Tov dançava para que fosse possível passar
de uma vida em fragmentos para uma vida fecunda, na matéria e no espírito, e
Nietzsche não inova quando diz que não podia acreditar em um deus que não soubesse
dançar. Mais do que pensar na vida futura, é preciso encontrar a vida que nos
pertence agora, que perdemos, mas não toda, da qual temos nostalgia, que
precisamos recordar para reaprender, para sonhar com nosso corpo, com nossa
inteireza, inclusive para que haja futuro, para nós e para nosso cosmo.Isso exige beleza e movimento, os componentes essenciais da dança.
Igor Zanoni
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