sábado, 4 de outubro de 2014

Energia



as pessoas têm muita energia e vitalidade mas quase já não podem criar laços e cultura que estejam na base de um “desejo”, de um “sentido”, ou de um “futuro”. há muito “tempo livre”, mas pouco disponível para a construção social e pessoal de um self que não envolva palavras tão conhecidas como “culpa” ou “falta”, que não são a meu ver uma condição humana ou uma característica dos homens e mulheres modernos. cioran diz que a história da humanidade permitiria a elaboração de uma “teoria geral da lágrimas”, hobsbawm em sua autobiografia enfatiza o horror que marcou o século XX , mas tudo isso é história velha. é também um horror ver pessoas envolvidas em emoções e dificuldades que poderiam não lhes pertencer, pois elas são marcas de um tempo e uma história sobre os quais elas não tem muita ação, embora estejam sempre buscando saídas, espaços interiores, novas formas de relacionamento, nova compreensão da religiosidade, tomando remédios, indo a psicólogos, procurando se preparar para empregos interessantes, estudando o anarquismo ou revendo o socialismo, tentando civilizar o capitalismo, etc. nossa energia é imensa, cada um de nós iluminaria uma cidade com cabos e fios elétricos adequados.  se pudéssemos conectar essas energias alcançaríamos sim a “liberdade e a imortalidade” buscada pelo mais antigo yôga, mas não é possível alcançar isso sem um “abolicionismo” global que rompa o anacronismo do monopólio do capital, da terra e do trabalho tão bem apontado no Brasil Império por um homem lúcido e corajoso como Joaquim Nabuco.


                                                                       Igor Zanoni

Um comentário: