em nossas relações há muito mais de mistério do que
julgamos. quem de nós pode pretender que conhece a fundo o seu próximo, ainda
que, durante anos, tenhamos convivido diariamente? mesmo aos amigos mais
íntimos só podemos transmitir fragmentos da nossa vida e experiência interiores.
não nos é possível revelar todo o nosso ser, nem outros seriam capazes de
apreendê-lo. peregrinamos juntos na meia-luz que não permite distinguir nitidamente
os traços um do outro. só de tempos em tempos, através de incidentes que nos
toquem de perto, ou graças a uma palavra proferida entre nós, subitamente ele
se torna visível a nosso lado, como que sob a luz de um clarão. então vemo-lo
tal qual é...temos de conformar-nos com o fato de constituirmos um mistério um
para o outro. conhecer-se mutuamente não quer dizer que se saiba tudo, um a
respeito do outro, mas que se tenham amor e confiança recíprocos, e uma fé mútua.
a criatura humana não deve ter a pretensão de querer violar a alma do seu
semelhante.
Albert Schweitzer
(Minha infância e mocidade)
Nenhum comentário:
Postar um comentário