tenho muita paciência com as pessoas e procuro sempre
escutá-las antes de dizer qualquer coisa que eu mesmo pense. não distingo para
isso idade, sexo ou o tipo de relação em jogo, ou seja, se estou falando com um
vizinho, ou um colega, alguém me atendendo em uma loja, ou filho, pelo face, telefone ou diretamente, com um dos
meus jovens estudantes da faculdade ou um dos velhos amigos da vida e assim por
diante. mas nos últimos anos depois de conversar sinto ao mesmo tempo uma
enorme raiva e quase impossibilidade de perceber, ou fazer perceber, o que se
passa, em mais ocasiões do que posso suportar. porque me fica claro que o mundo
vem dando estranhas voltas, muitas anunciadas há tanto tempo por muitos e
tantos unânimes apenas ao concordar que desse jeito não dá. a angústia e o
dissabor se generalizam junto com as ideologias e a sua crise no mesmo compasso
em que o poder se concentra e se torna um espaço vazio para qualquer sonho. mas
ao mesmo tempo é preciso produzir certa paz interna para poder levá-la para as
situações e relações. paz e amor, como diz meu amigo zé cury, como disseram
tantos sempre. mesmo que se reze, reflita, medite, não é possível fazer isto
dentro de um espaço fechado como os que temos. é preciso uma nova volta à
natureza, como não se cansam de dizer desde Lao-Tsé os chineses ( não os que temos hoje ) e, desde
Dogen, os japoneses ( idem ibidem ). claro que quem diz algo a respeito é
chamado de “romântico” pelos que mesmo à esquerda primam por ser conselheiros do
príncipe. eu nem sei mesmo de que natureza mais se trata, aos sessenta e dois
anos estou como tolstói com uma louca vontade de fugir de casa.
Igor Zanoni
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