nos escassos, diante da população que os demanda,
ônibus de Curitiba, roubar tornou-se muito comum e eu tenho vários amigos,
alunos e familiares que foram roubados assim, especialmente nos superlotados
vermelhões que jamais oferecem
possibilidade de uma viagem confortável e agora tampouco segura. há poucas
semanas uma pessoa foi justiçada em um dos pontos cobertos de metal e fechados,
os tubos. claro que se rouba em qualquer parte, falando dos roubos menores. em
supermercados, por exemplo: minha sogra há três semanas foi roubada por alguém que
fingiu reconhecê-la do posto de saúde do bairro, apanhando seu dinheiro na
bolsa. também se mata de muitas maneiras, em bairros pobres assusta o número de
mortes diárias, atribuídas ao tráfico como se este fosse um conceito abstrato
dispensando agentes, fontes de fornecimento e financiamento, ou segurança para
estas fontes. mesmo não matando, se espanca, como ocorreu com quinze indígenas
dentre toda uma etnia que perdeu suas terras como várias outras etnias no
Paraná nos últimos anos e mal falam o português. o Centro de Línguas e Interculturalidade da UFPR trabalha com o
aprendizado do português com estes indígenas, mas pouco pode a
universidade diante das condições de
miséria, exposição a drogadição e outras que eles apresentam. Curitiba tornou-se
uma das cidades violentas do Brasil. os autores clássicos da nossa formação
social e econômica sempre enfatizaram a violência como um suporte de nossa
sociedade heterogênea, pobre e desigual. Chico Buarque em uma ópera disse que a
nossa terra ainda iria se tornar um imenso canavial. já se tornou há muito,
nossa economia se apoia fortemente no latifúndio exportador que também abastece
com imensos problemas ecológicos, sanitários, demográficos e outros, nosso
mercado interno. vivemos, após um ensaio
de industrialização e complexificação econômica e social, um período que pode
sem muito exagero ser chamado de reversão neocolonial. a economia não precisa muitas
pessoas educadas, mesmo que a sociedade precise e as pessoas também precisem
dominar a arte de educar-se e educar . o mercado de trabalho por isso não
suporta mais médicos, economistas, engenheiros, etc. que se formam com a utopia
de um bom emprego e mais paz na vida. a
paz a rigor é muito rara, pois contando ademais do que se disse acima, e do
muito que não se disse, os milhões de animais mortos diariamente no maior
rebanho de gado de vários tipos que possuímos, é fácil concluir que a violência
e a morte são grandes eixos articuladores da vida de todos nós, o que é um
paradoxo no mínimo tão estúpido quanto real.
Igor Zanoni
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