mesmo os antigos socialistas jamais imaginariam como o
dinheiro pôde se tornar o que é na atualidade, não só o representante de todos
os valores e daquilo que não tem valor no sentido de ser produzido por um
trabalhador assalariado, como um objeto de arte, não apenas o meio pelo qual se
compram consciências à venda, honra, pudor, bom nome, etc., mas o valor por
excelência. a sociedade mercantil há muito não oferece nada a ninguém, exceto
inutilidades ou supostas utilidades ou o que se aprendeu que é bom e quando se
pode passa-se a comprar também, mesmo que interiormente não se mude tanto. veja
uma pessoa que, agora sim, pode comprar, seja uma moto cara e ostensiva, ou vários
carros ou qualquer coisa que signifique : “agora sim, estou indo, vejam como é
belo”. mesmo quem não está neste caso, o importante é a avidez por coisas, uma
enorme carência, a certeza e o sofrimento de que o dinheiro sempre faz falta e
de que se ganha pouco, muito pouco. mesmo que se preze muito a bondade, o amor,
a compaixão, o prazer da vida, a ética e outras coisas consensualmente boas e
louváveis, elas não podem ser compradas e vendidas, pertencem a um plano da
vida social em erosão. assim, não se
consegue mesmo amar ou se relacionar como pretendido, ou ser generoso, etc., ou
se consegue apenas em um plano pouco estimulante e banal, pois melhor que tudo
isso é comprar qualquer coisa, olhar as milhares de mercadorias produzidas sem
qualidade nem beleza na Havan, na Riachuelo, em Miami, quando se pode. as
pessoas vão ao centro ou ao shopping e há sempre muita coisa, que requisitam a
geral avidez, recriam a sensação de carência, de finitude não frente ao
universo ou à existência comum a todo ser em todos os tempos, mas frente a tudo
que não se pode ter mas se deseja tanto, se passa a desejar, a empilhar
desejos. por isso nosso boss são os
bancos, que manipulam governos, verbas sociais, orçamentos domésticos, preço de
cada mercadoria. os bancos tem a suprema capacidade de enriquecer quanto
quiserem, não se sabe para quê, nem eles sabem, há muito eles não têm nenhum
sentido e pulverizam sobre a Terra e tudo que ela contém sua insensatez. há
pessoas que buscam fugir disso procurando Deus na igreja ou na sacristia, mas o
importante seria ver Deus fora dali, que também a Igreja tem cumplicidade com o
dinheiro, o poder e o que está aí. Deus está nas relações sociais, familiares e
pessoais que gostaríamos de ter e nos iludimos que temos. poucos, com o papa Francisco, entre outros, à
frente, veem claro isso, e como são combatidos !
Igor Zanoni
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