No delírio febril dos julhos de Curitiba
Nos quais o tempo instável direciona o espírito
Para este e aquele tedioso far-niente
O lodo do que o tempo todo julgamos adequados
Na falta de pensar em algo melhor
O que responder a esta pergunta
Nesta situação que trajeto seguir
Tão pequeno o coração
Tão sem fé tão sem futuro
Construindo escavadeiras para drenar o pântano
Com instrumentos tão precários
Um delicado amor
Um corpo que precisa ser abraçado
E abraça uma carreira ou se casa
Ou sai em passeata de que a polícia ri
Enquanto exercita a mira
Procura uma caixinha onde caiba seu talento
Pede um empréstimo e não entende bem
O que dizer de suas reais motivações
Passei uma vida cuidando da casa
Pagando ao Caixa
Querendo bem aos filhos
Que não mudam como o parceiro
Eu gostaria que o Universo tivesse um sentido para mim
Eu tão particular tão solto nada sujeito a leis
Descontruir meu Deus meus domingos e almoços turvos
Felizmente os parentes chegam que surpresa
Quem ainda está vivo?
Apenas uma vida toda basta para saber-nos
Mas estamos criando bons adivinhos do apocalipse
Que já não perdem seu tempo é uma pena
Ainda que entrem em igrejas ou bebam com amigos
Ou comprem anéis de compromisso
E postem tudo nas redes sociais em tempo real
Fosse isso um ensaio de orquestra
Tocássemos uma vez ao ano um uníssono
Como bilhões de violinos trespassados
Por uma essência sem ideologia banal
Por um único sentido que valesse a pena
Mas qual?
Igor Zanoni