segunda-feira, 20 de julho de 2015

Viver só



Psicólogos modernos como Jung postulam um “processo de individuação”, que culminaria com o amadurecimento emocional tornando alguém apto a viver com autonomia, isto é, a não depender das relações com outros para se sentir feliz ou em paz. Lou-Andrea Salomé expressou visão semelhante e, melhor que todos, Roberto Freire quando disse que o amor só pode existir quando o outro não é indispensável. Muitos outros disseram da luta humana contra a solidão e a importância dos laços para que se possa ser, não um indivíduo abstrato, mas uma pessoa como um conjunto de relações significativas e emocionalmente compensadoras. A mim parece que a psicologia pode escorregar para uma ideologia do ser autônomo, capaz de dispensar o outro sem sofrimento, e que este seria um estágio “natural” do ser plenamente realizado, seja lá o que isto signifique.


                                                                     Igor Zanoni

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