Psicólogos modernos como Jung postulam um “processo de
individuação”, que culminaria com o amadurecimento emocional tornando alguém
apto a viver com autonomia, isto é, a não depender das relações com outros para
se sentir feliz ou em paz. Lou-Andrea Salomé expressou visão semelhante e,
melhor que todos, Roberto Freire quando disse que o amor só pode existir quando
o outro não é indispensável. Muitos outros disseram da luta humana contra a
solidão e a importância dos laços para que se possa ser, não um indivíduo
abstrato, mas uma pessoa como um conjunto de relações significativas e
emocionalmente compensadoras. A mim parece que a psicologia pode escorregar
para uma ideologia do ser autônomo, capaz de dispensar o outro sem sofrimento,
e que este seria um estágio “natural” do ser plenamente realizado, seja lá o
que isto signifique.
Igor Zanoni
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