embora seja muito difícil compreender outra pessoa ou
a si mesmo, ninguém é invisível, e uma relação pode se estabelecer com
fundamentos indispensáveis, carinho, cuidado, atenção, mas também coragem e
força. estas qualidades não nascem por si, dependem de paciência e desapego. o
excessivo apego a si mesmo transtorna uma pessoa, faz com que o tempo todo
esteja insegura e sofra apenas por estar no mundo. tira desta pessoa a força
com que se move, e ela já não é para si um refúgio, nem pensa seriamente em
buscar refúgio nos companheiros e em uma boa visão do que acontece. seu lar já
não é a caverna quente tranquila em que repousa e seu trabalho é um inferno
incontrolável. muitos buscam felicidade como um estado de espírito caloroso e
descuidado, como algo que não sabem muito bem de que se trata mas parecem
precisar buscar de modo obsessivo. pensam que a felicidade é o que faz bem a si
mesmos, e se for possível aos outros, mas é claro que é quase sempre impossível
para elas conciliar os dois objetivos, vagos e opressivos. sem valor e sem
coragem, sem força e compaixão a vida é tédio. melhor beber, já que é “melhor
morrer de vodka que de tédio”, disse Maiakóvski. vamos daqui até nossa morte, o
cuidado é indispensável. neste momento podemos cuidar deste momento, cuidando
dele cuidamos do futuro.
Igor Zanoni
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