qualquer um hoje sente que a conversa é algo do
passado. quando se diz algo a uma pessoa, ela, em vez de escutar, coloca
utilitariamente o falante em seus formulários e protocolos interiores
inconfessáveis. problemas morais afligiam muitos homens que representavam o
ethos de sua época. essas questões foram resolvidas quando se busca conquistar
isto e aquilo, por exemplo, com doações e barganhas do mais claro materialismo
espiritual ou quando a política e qualquer cargo, mesmo o de síndico de prédio,
serve de suporte a um ganho financeiro sem ligação com nenhuma convicção e
valor coletivo. as crianças do ginásio tinham um discernimento muito apurado e
ético de problemas práticos e ainda têm. quando uma delas fazia uma bobagem e
tentava corrigir com bobagens extras, os outros logo aconselhavam a não remexer
na merda que foi feita e a ficar calmo para enfrentar as consequências. quando outra
emitia uma opinião que impossibilitava a continuidade da conversa, logo era
advertida de que estava jogando merda no ventilador. quantas vezes minhas
orelhas arderem com um colega gritando: “você perdeu uma ótima chance de ficar
calado!”. como valia e vale a pena ouvir uma criança!
Igor Zanoni
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