domingo, 5 de julho de 2015

Spinoza

Spinoza lembrou no século XVII uma variante do platonismo supondo que nosso sofrimento surge das falhas do nosso conhecimento. Nossas emoções seriam para ele mal organizadas intelectualmente quando falseiam a natureza do nosso intelecto. O dever de cada um para consigo é perseverar naquilo que o fortalece e mantém, ao mesmo tempo retendo junto a esse auto interesse uma moral que permita aos outros também preservar em seu auto interesse. O sofrimento pode ser evitado pela contenção pessoal e pelo alinhamento das emoções com os nossos intelectos. Mas, além disso, a razão exige o aperfeiçoamento de qualidades como a compreensão e o conhecimento, levando a um auto aperfeiçoamento centrado na busca de Deus, cujo sentido envolve não uma divindade antropomórfica, mas a natureza e a ideia de cada todo ser e seu entrelaçamento.  Este é um misticismo racionalista, que supõe menos o amor como resposta aos males humanos que a reflexão e a resignação, ou seja, o estoicismo, esta variante filosófica que competiu com o cristianismo pela primazia da sabedoria nos árduos séculos do Império Romano. Filosofia que exige fé na razão e ética inflexível de obedecer nossa natureza racional, assim como sua alternativa exige fé no amor e força para obedecê-lo mesmo quando isto parece contrário à nossa tendência de auto preservação e quando a sabedoria é loucura aos olhos humanos, como afirma Paulo. Inclusive porque a sociedade humana pode buscar e busca fins absurdos e destrutivos, o que Spinoza mesmo logo percebe.


                                                                        Igor Zanoni

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