há muito tempo Walter Benjamin teve o insight de que
vivemos como regra um estado de exceção e que cumpre aos oprimidos criar um
estado de emergência. quem são os
oprimidos? hoje é ocioso fazer distinções, podemos considerar como oprimido, não
como tradicionalmente, despossuídos, negros, indígenas, sem teto, sem terra, e
assim por diante, mas ir além e ver como
oprimido tudo que vive e que permite a vida. os continentes assoreados, o mar
se tornando deserto, a disseminação de bombas por diversos países cada um dos quais
podendo destruir várias vezes o planeta, a violência institucional sob inúmeras
formas, entre outros dados, fazem não apenas a humanidade refém e talvez
condenada, como inúmeras outras formas de vida e os ambientes que as sustentam.
inútil pensar que tecnologias novas darão conta disso. há tecnologias e não
necessariamente são complicadas ou desconhecidas, mas as decisões estão
concentradíssimas, o poder se tornou grande demais e a farsa da política não
mostra o que ele é. é preciso a construção de nexos de solidariedade e uma
moral que dê conta na prática do conceito de oprimido e de suas exigências
políticas. é possível darmos conta disso?
provavelmente não, mas é o que precisa ser feito, é o que está em
questão.
Igor Zanoni
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