quando comecei a
ver futebol, indo a pé do Rocha ao Maracanã com meu tio Pedro, característico torcedor
do América, as posições dos jogadores eram ainda denominadas por sua origem
inglesa, e havia o half-direito, o half-esquerdo, o center-for, o back e o
quarter-back, o goal- keeper e assim por diante. o esquema tático de então
produziu o futebol-arte, não por ser virtuoso em si, mas por possibilitar
virtuoses, não apenas as mais conhecidas como Pelé, Garrincha, Didi, Jair da
Rosa Pinto, mas muitas outras que é impossível destacar sem ser injusto com as
demais. Cito apenas duas que admiro em especial, compondo um fantástico meio de
campo no Olaria. Não só eram grandes mestres, como Afonsinho foi o primeiro
jogador brasileiro a não ter passe preso a nenhum senhor feudal entre os que comandavam
os times de então, e Roberto Pinto foi o último clássico: jogava de cabeça
erguida, sem olhar a bola, que colocava com sua perna esquerda no lugar do
campo que queria. Até recentemente, apenas Seedorf fazia isso. hoje os esquemas
táticos tornam quase impossíveis jogadores assim, com esse gabarito. há no
entanto algumas exceções, como Messi e, há mais tempo, Romário. isso se deve,
dizem, a que ambos possuem uma característica neurológica de só prestarem
atenção no que estão fazendo no momento, sem se distraírem. daí essa facilidade
de drible, essa habilidade que levou, por exemplo, Romário, quando esteve na
Holanda, a quase fazer gol de bunda. só isso ele não fez, e talvez Messi ainda
venha a fazer.
Igor
Zanoni
Nenhum comentário:
Postar um comentário