de um lado da
rua havia casas antigas, sem recuo, com cores claras que já não existem.
tampouco se calçam mais ruas com paralelepípedos ou existem bondes gingando sobre
eles como o que passava, a largos intervalos, nesta rua calçada com os tais
paralelepípedos, rumo ao centro. aliás sem necessidade, pois o centro era próximo,
mas ganhei outra noção de distância depois e o centro devia ser distante neste
momento de que falo. tampouco tomei este bonde, exceto em maio de 68 com outros
estudantes, sem saber o que acontecia mas por sorte informado, meio por alto,
por um amigo do qual sequer era muito amigo, mas foi tão próximo por tantos
anos, como tantas pessoas acabam sendo. do outro lado da rua havia o longo muro
cinza do colégio, de cimento que raspava o braço, e que levava à avenida, hoje
estreita e modesta mas ainda crucial à comunicação urbana, na qual tomava com colegas
o ônibus para casa. ônibus também ocioso , pois dava para ir à pé para casa,
mas, como disse, minha noção de distância era outra. era uma rua antiga com
caminhos muito conhecidos e a mesma apreensão cotidiana, esta sim imutável,
indelével como a tinta Parker.
Igor Zanoni
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