essa paixão por si mesmo, o excessivo cuidado, como se
algum desejo muito precioso não viesse a ser realizado pondo em risco todo
nosso ser, esse desprezo pelo precioso insignificante e pela necessária
ignorância de que falam os muitos poemas de Manuel de Barros, revelam o quanto alguém
ou uma época se distanciou da inclinação arcaica ao centro de si e do mundo, o
esquecimento que não fica impune de colocar em primeiro lugar na casa, na aldeia,
na psique, o eixo que une os planos que perpassam o mundo e permite escalar o
mais alto, o umbigo a partir do qual o Deus começou a criar o cosmo face ao turbulento caos. muitos apontaram essa
necessidade primordial que tanto se esqueceu, historiadores como Mircea Eliade,
antropólogos como Lévi-Strauss, psicanalistas não apenas como Freud e Jung mas
também como Lacan, que lançou muito o olhar para o oriente, poetas como Goethe
ao perceber a ambiguidade de Fausto e do desenvolvimento, filósofos como Hegel
e Marx, tão lembrados por quem os teme, e tantos mais. hoje se volta a
valorizar o xamã, mas busca-se como ele o êxtase construído com suas difíceis e
pacientes técnicas ?
Igor Zanoni
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