sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Xamã


essa paixão por si mesmo, o excessivo cuidado, como se algum desejo muito precioso não viesse a ser realizado pondo em risco todo nosso ser, esse desprezo pelo precioso insignificante e pela necessária ignorância de que falam os muitos poemas de Manuel de Barros, revelam o quanto alguém ou uma época se distanciou da inclinação arcaica ao centro de si e do mundo, o esquecimento que não fica impune de colocar em primeiro lugar na casa, na aldeia, na psique, o eixo que une os planos que perpassam o mundo e permite escalar o mais alto, o umbigo a partir do qual o Deus começou a criar o cosmo  face ao turbulento caos. muitos apontaram essa necessidade primordial que tanto se esqueceu, historiadores como Mircea Eliade, antropólogos como Lévi-Strauss, psicanalistas não apenas como Freud e Jung mas também como Lacan, que lançou muito o olhar para o oriente, poetas como Goethe ao perceber a ambiguidade de Fausto e do desenvolvimento, filósofos como Hegel e Marx, tão lembrados por quem os teme, e tantos mais. hoje se volta a valorizar o xamã, mas busca-se como ele o êxtase construído com suas difíceis e pacientes técnicas ?


                                                               Igor Zanoni

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