quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Um bolo só

o desejo de dar ao vivido um corpo e um sentido me traz ao dia em que conheci a Confeitaria Colombo, onde comi um papo-de-anjo retirado de um grande vidro dentre outros dispostos nas prateleiras espelhadas, mas parece-me que logo adiante cruzo o Largo dos Leões para o apartamento da tia Conceição no qual a principal descoberta foi uma mala de discos de jazz intocados, aliviada por mim em um LP de Jelly Roll Morton. também sei que o Maracanã e a Praça Sans-Peña não são assim tão próximos, mas ambos reconfiguram uma geografia afetiva na qual também outros lugares, passeios e memoráveis personagens de minha vida interior vão se tocando e formando um bolo só, que até o fim dos meus dias será um alimento impossível de compartilhar.


                                         Igor Zanoni

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