segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Religioso

a julgar pela aparência, o que, é claro, nunca se deve fazer, o professor de religião com seu jeito alto, moreno, vestido sem o esmero dos demais professores e seu sorriso um pouco sedutor, era a parte que complementava a ciência no colégio, a parte que dava sentido à vida dos que por lá circulavam . diziam que era um grande amigo e conselheiro espiritual de uma professora com câncer mas que ainda lecionava. da essência não posso saber nem isso, pois era protestante e liberado de suas aulas. mas a igreja vivia o tempo feliz dos cursilhos, livros de Michel Quoist e o compêndio de filosofia de Jacques Maritain, quase a ponto de deixar o terço como a solução para tudo. ele tinha uma pasta marrom, de couro mole, cheia de uma eventual boa nova para os novos tempos. mas eu não tive coragem de conferir. preferia gastar minha energia jogando futebol, pois eu não me sentia com idade para coisas mais complicadas.


                                                   Igor Zanoni


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