naqueles idos
fui com um jovem amigo da casa à papelaria para descobrir com ele que o dono do
negócio tinha uma filha e que esta não apenas estava crescida mas exatamente
naquela época em que muitas moças parecem prever uma falta de amor no futuro
com a ansiedade com que ambientalistas preveem o fim da água no planeta. eu sou
um homem já velho mas o rapaz devia passar então por uma fase um pouco
semelhante, ou pelo menos em um momento capaz de perceber a ostensiva demanda
que lhe era feita sobre o balcão no qual se empilhavam cadernos, crayons e
outras coisas que as crianças usam quando vão à escola. acho que comprávamos
alguma delas para uma tarefa de escola do meu filho mais novo, que naquele
ainda não namorava e gostava mesmo era do burguer king. meu amigo segurou a
respiração até sairmos da loja e então se sentiu mais aliviado por voltar para
casa. aquilo não era para rolar mesmo. uma querida amiga, a única que pode e me
diz mesmo o que pensa, comentou uma vez que nós homens quando jovens temos
também essa tendência de pensar que aquela vez com aquela namorada será a única
chance de alcançar a suprema felicidade, e que isso é cansativo e enche a
paciência. mas quando se prevê falta de amor no futuro se faz mesmo uma boa
previsão, porque mais cedo ou mais tarde pode faltar mesmo, o que não quer
dizer que tudo que aconteceu antes foi tão bom como queríamos.
Igor Zanoni
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