nossa alma há muito tem sido expropriada,
todos estamos perplexos porque já não podemos ordenar um pouco que seja nossa
energia vital mas antes encontrar um menu com desejos mantidos em frigoríficos e
já sem nenhum vestígio de nutrientes para os ossos a mente etc. todos somos
seres pensativos mas os pensamentos são vigiados assim como qualquer ação como
roubar ir à igreja procurar um emprego ou comprar um carro financiado. há uma
ordenação que passa por muitos centros esses sim articulados em uma álgebra que
não compreendemos ao certo mesmo que tenhamos estas e aquelas suspeitas. o que
sabemos bem é de como somos expropriados no aluguel nos juros na passagem nos
impostos no trabalho no amor na comida nos medicamentos na natureza que some no
mar que se torna um deserto em tantas fronteiras que se desfazem em uma
liquidação geral de tudo e reencontramos no sonho e, antes dele, na dificuldade
de adormecer. algo que por circunstâncias várias em particular doa ou para cuja
dor tenhamos definidos cúmplices tomamos como ponte para nosso corpo que vamos
perdendo e nos tornamos ligados a esse fragmento de nós ainda que seja apenas
por enquanto um fragmento e não uma totalidade um ser integral se isto existirá
ou existiu. em circunstâncias críticas infinitos designs de fragmentos se tocam
e agem em conjunção inesperada. algo
como o prenúncio de uma solidariedade futura somos capazes de ver, ainda
imatura, problemática, esperando ainda que, como o apóstolo Paulo, “contra toda
esperança”.
Igor Zanoni
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