a metáfora da navegação surge sem querer, nem metáfora
é mas a situação humana de que o navegar é uma expressão concreta,
situação-limite, como se dizia dos romances de Camus, que não sei se ainda são
lidos, O Estrangeiro, por excelência, um rapaz que ignora a vibração do seu
viver ou a toma por problema, estranhando o que acontece porque que lhe é
alheio ainda que lhe traga todo o tempo instâncias e consequências,
penalizações de atos cujo teor mal sabe mas percorre seu corpo qual energia sem
um objetivo ou foco. assim a vida integral, descomedida, ao mesmo tempo banal e
mesquinha, é vida desfocada que faz sair de casa e andar quilômetros porque se sabe
que não há casa nem para onde ir e disso não se pode ter ideia ou sentimento
exato apenas ir e sentir o que jamais esperávamos nem estávamos preparados.
Igor Zanoni
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