quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Navegação


a metáfora da navegação surge sem querer, nem metáfora é mas a situação humana de que o navegar é uma expressão concreta, situação-limite, como se dizia dos romances de Camus, que não sei se ainda são lidos, O Estrangeiro, por excelência, um rapaz que ignora a vibração do seu viver ou a toma por problema, estranhando o que acontece porque que lhe é alheio ainda que lhe traga todo o tempo instâncias e consequências, penalizações de atos cujo teor mal sabe mas percorre seu corpo qual energia sem um objetivo ou foco. assim a vida integral, descomedida, ao mesmo tempo banal e mesquinha, é vida desfocada que faz sair de casa e andar quilômetros porque se sabe que não há casa nem para onde ir e disso não se pode ter ideia ou sentimento exato apenas ir e sentir o que jamais esperávamos nem estávamos preparados.


                                                      Igor Zanoni

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