terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Procurando emprego


Ao entrar no primeiro colegial no Culto à Ciência achei-me em condições de embarcar em um emprego e bem necessitado de mudar de ares. O primeiro desastre aconteceu logo ao fazer como teste em uma fábrica no Bonfim uma redação, assim genericamente demandada. Não soube sobre o que escrever, lembro que foi sobre o pequinês que tinha em casa. Acho quer o gerente queria outra coisa, mas ignoro ainda o quê. Nem tentei em outro lugar, achei que a escola não me havia preparado para o mercado de trabalho. Para procurar emprego eu havia me transferido para o período noturno, mas me surpreendi muito pois então não se fazia nada, podia passar a noite toda conversando no pátio sob as árvore e fumando. Meu único amigo tornou-se Renato Maschio, de nariz quadrado como um boxeur, olhos turvos, que gostava do cantor Noite Ilustrada, do qual jamais havia falar sequer escutado qualquer samba. Em meio a esse desastre todo, a única moça que me pareceu interessante era uma pequena japonesa chamada Clara, que estudava à noite porque praticava piano durante o dia todo e já era uma profissional e boa pianista. Comentei brevemente e de leve sobre Clara com uma moça com quem também tinha alguma amizade e trabalhava durante o dia em uma loja do centro mas ela respondeu ácida: “ Por que não casa com ela e têm juntos muitos pianinhos ? ” Este foi um dos muitos anos que eu preciso ainda esquecer da minha vida.
Igor Zanoni

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