quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Cultura Alimentar


Cultura alimentar

O legendário Mahatma Gandhi percebia que a pobreza e desnutrição das massas indianas , especialmente a dos camponeses pobres, se devia à destruição com a industrialização inglesa do artesanato local de tecidos de algodão, o que o fez um defensor da utilização na Índia de tecidos produzidos artesanalmente com os velhos métodos , dando exemplo com a produção por ele mesmo dos tecidos com que se vestia utilizando a velha roca de fiar. Além disso, a cultura alimentar era deficiente e viciada por padrões de consumo ocidentais, o que o levou a buscar por toda a vida, e experimentar em si, o melhor método alimentar, incluindo os alimentos mais nutritivos, seu tempo de cozimento e assim por diante. Adotou o vegetarianismo e uma alimentação com o menor consumo possível de legumes e frutas, capaz de sustentar suas longas marchas, prepará-lo para seus longos jejuns e levá-lo até seus quase oitenta anos em boa saúde apesar das eventuais complicações como disenterias amebianas devidas à falta de tratamento adequado de água e saneamento adequado na colônia inglesa. Iniciativas desse tipo seriam impensáveis no Brasil atual, apesar de esforços para solucionar a pobreza do semi-árido nordestino com a SUDENE ao tempo do desenvolvimentismo brasileiro ou as inúmeras iniciativas de melhoramento do teor nutritivo de alimentos e utilização de formas apetecíveis de consumo de alimentos mais saudáveis e ricos pela Embrapa para pequenos proprietários no Brasil atual. O maior entrave é a grande urbanização  sem políticas públicas avançadas que pudessem compensar os efeitos sociais nocivos da modernização agrícola e a retomada de terras de posseiros e arrendatários desde os anos setenta. A concentração da propriedade de terra no campo está aumentando no País com o recente surto exportador e novas fronteiras agrícolas no Norte do País e nas grandes regiões metropolitanas o déficit de moradias é assustador. Celso Furtado advertiu em seus textos com veemência que o mercado nunca pôde resolver o problema da terra no campo e na cidade e que este só poderia ser resolvido com o planejamento e a ação do Estado, mas este esbarra na dominante lógica mercantil, na pobreza da mior parte da população do País e do conservadorismo e agressividade das elites ligadas ao agronegócio. O Estado pode agir contra a fome com o grande programa da Bolsa-Família, mas este não tem muita seqüência em outros programas públicos, e a grande desigualdade social no País tem melhorias muito pequenas apesar do crescimento econômicas dadas as suas próprias características ou, como dizia a Comissão Econômica para a América Latina-Cepal, dado o estilo de desenvolvimento brasileiro. Nas famílias com até três salários mínimos de renda mensal oito carecem de casa própria, e esta casa é uma grande defesa contra a pobreza. No campo e nas cidades menores a violência e o abandono de grandes contingentes marginalizados crescem continuamente. A indústria também destrói hábitos saudáveis de alimentação das populações pobres. O famoso feijão com arroz, uma refeição quase completa em termos dos nutrientes essenciais para uma vida saudável sofre o natural desejo de comer miojo, por exemplo. Um dado interessante é o grande consumo pelo brasileiro do pão francês, muito pobre em termos nutritivos, cujo consumo e produção cresceram bastante na última crise econômica. Muitas famílias sequer podem comprá-lo regularmente, algumas ainda conseguem fazer seu próprio pão, mais nutritivo e que complementa bem as refeições. Mas a deficiência da cultura alimentar brasileira é notória, criando pela cultura urbana e pela ditadura da beleza. Anorexia em um pólo e no outro obesidade e problemas ligados ao sedentarismo e consumo muito alto de alimentos ricos em colesterol  e triglicerídeos,gorduras que causam enfarte e pressão alta, entre outros problemas de saúde pública.  

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