quarta-feira, 20 de julho de 2011

Bem estar


Bem estar

O romeno Georgescu Roegen propôs como forma de a produção de mercadorias agredir menos a natureza que ela visasse produtos de muito maior durabilidade, fazendo com que o consumo se concentrasse em bens essenciais e de reposição muito mais lenta. Mas a nossa produção econômica tem como lógica manufaturar bens que se desgastem em prazos previstos. Não só o design e as características dos produtos mudam como eles são adquiridos pelos consumidores de forma a visar certo grau de status e de satisfação retirada do próprio ato de se estar comprando. Gilles Lipovetsky observou que estamos em uma sociedade que quer o supérfluo, o inútil como símbolo do luxo, e o adquire aumentando as ocasiões de compra. Assim, em vez de comprar um capote longo e resistente, compra-se uma jaqueta mais barata e na moda, logo substituída por outra. Essa é a forma que a sociedade permite para a afirmação da individualidade, ao mesmo tempo em que a democracia se confunde com gestos de compra. Podemos notar também que se compramos um carro através de um financiamento, ele logo será substituído nas lojas por modelos diferentes nos próximos anos, e o saldo da nossa dívida é muito maior que o valor do carro que temos ainda em mãos. Parece que a produção e o consumo não visam exatamente bens para uma grande parte das pessoas, mas gerar receita e juros, bem como dar ao consumidor um simulacro de bem-estar e de autoafirmação.

                                                    Igor Zanoni


Um comentário:

  1. Observo a tempos esse tipo de conduta, mas só quando o individuo cresce emocionalmente pode se ver liberto dessas armadilhas do consumismo, e para isso é preciso igualmente se libertar de tantos outros conceitos como ser a metade do outro estimulados nas novelas, romances e musicas de conteudo raso. O Ser integral não se sente obrigado a consumir o extra como apoio da auto imagem.

    ResponderExcluir