quinta-feira, 14 de julho de 2011

Retraimento


Retraimento


percepções reconfiguram todo tempo
o meu espaço minha mente
os sons do avião da ambulância
as crianças batendo seus skates no chão
em seus infinitos ollies
a vaga do trânsito e sua inerente tensão
no amarelo o carro atrás já buzina
os fatos inúteis que os locutores na tevê
insistem em dar como divertidos ou informativos
o saldo das relações todo o tempo
subindo e descendo como ações
ou avisos de risco
chantagens ininterruptas que temos de responder
segundo esta ou aquela expectativa
esta ou aquela auto percepção
o telégrafo em uma guerra traduzia
essa informação ansiosa
recolher ir para o abrigo sair imediatamente daqui
mas estas percepções criam um mundo
que querem te acolher e não destruir
apenas seja um elemento na paisagem móvel
nervosa tensionada
o seu salário vai dar até o fim do mês?
você tem de ver isto ou aquilo
comer um pizzaburguer com a cerveja arroto
ouvir como até os pássaros foram chegando
e se aninhando no bairro
mas eu não sou daqui
meu tempo está por um triz
eletrizado na cerca dos quintais que se afastam
morrem na cidade feliz
na qual tudo anda junto em instâncias rítmicas
paramilitares parabólicas
eu não quero estar atento a tudo
por favor não me chamem a atenção
é que eu estou atento a um curso mais lento
onde me vou mais leve
tenho saudade do futuro?
tenho desejos de que?
a minha mente se concentra e relaxa
em um mar de retraimentos


                                                       Igor Zanoni
                                               

Um comentário:

  1. hora gosto de estar sentada na minha mangueira em flor como fosse parte dela

    hora gosto de estar com meu notebook acessando o mundo

    assim vivo entre o eterno e o futuro que já é!

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