sábado, 23 de julho de 2011

Educação

Educação

Muitos economistas defendem maiores gastos com o chamado “capital humano”, isto é, com a formação, através da educação, de trabalhadores mais qualificados, capazes de melhorar a produtividade do fator trabalho nos processos produtivos e ampliar a oferta desses trabalhadores, em falta no mercado. Não gosto desse conceito, pois penso que , segundo a boa tradição, capital é uma relação social de subordinação de seres humanos e da natureza, por meios específicos, com o objetivo da apropriação e acumulação por si mesmas, do valor e do dinheiro. Mas falando apenas como economista defendo ardorosamente maiores gastos com educação, como forma de dar maior liberdade aos que passam por esse processo e melhorar suas chances de encontrar um lugar satisfatório no chamado mercado. Grande parte dos jovens, com os quais lido diariamente como professor universitário, dirigem-se a trabalhos parecidos e monótonos, como bancos e companhias telefônicas. Quem não chega à faculdade muitas e muitas vezes torna-se um infoproletário, isto é, um trabalhador em telemarketing e empregos afins, mal remunerados e sem possibilidade de ascensão profissional. Mesmo nesses setores, o número de empregos tende a crescer menos. Uma característica do capital é a tentativa de eliminar do processo de sua valorização o trabalhador, pois é o custo mais difícil de comprimir e comandar. Quem tem acesso a uma boa educação, que não se restringe a uma boa escolarização, tem muito mais chance de criar espaços para si em um mundo em que a renda e as necessidades crescem mais velozmente que salários e empregos. Há sempre muitos casos que todos conhecemos nos quais o trabalho de uma pessoa é um pouco inventado por ela mesma, como designer, assessor de empresas pequenas  e ecológicas, especialistas em criar projetos ambientais e sociais e assim por diante. Tenho alguns irmãos que literalmente mudaram suas vidas e se reinseriram na vida do trabalho desenvolvendo habilidades específicas aprimorando sua educação. Além disso, é sabido que os professores possuem hoje uma carreira mal estruturada e mal remunerada, com jornadas extensas de trabalho, pressões diversas dos alunos e da sociedade, estão entre os profissionais mais sujeitos a depressões e doenças emocionais parecidas. Então, vamos lutar para que a norma de gasto de 10% do produto interno seja gasto em educação, e que a educação seja preferencialmente pública, que é aquela na qual a qualidade pode se desenvolver mais, pois não há ainda um bedel à frente de cada sala de aula e outros terrores típicos das escolas particulares, que fazem da educação supostamente uma corrida para o negócio e o sucesso, à custa da alma e do desejo de cada aluno e cada professor, e do bolso dos pais ou de quem arca com as despesas.

                                                                      Igor Zanoni

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