Inovações
Muitas coisas caem em desuso por razões que tenho preguiça de listar, ligadas á tecnologia, preços e outros fatores econômicos. Por exemplo, as máquinas de costura domésticas. Minha mãe tinha uma Pfaff excelente, onde costurou até vir a calça jeans roupas sob medida e à nossa escolha. Eu ia à Igreja com elas, onde mamãe costurava roupas para doação a pobres. Mamãe tinha várias habilidades em desuso hoje, além do ofício de costurar para os filhos, como cozinhar maravilhosamente e fazer cerveja caseira. Eu sempre fui bem cuidado por ela. Outras coisas são revolucionadas pela indústria cultural, que para mim substituiu os domingos na Praça Carlos Gomes em Campinas ouvindo marchas de John Phillip Souza pela Jovem Guarda, que era muito pior mas me parecia melhor. Era uma novidade e as pessoas são novidadeiras. Mas há coisas que o progresso insensato e descuidado liquida. Nos natais em casa papai fazia em uma grande bacia de cobre uma paeja ricamente adornada, onde escolhíamos os frutos do mar que mais gostávamos. Eu mesmo aprendi a fazer uns pratos com papai como bacalhau ao forno e pratos nordestinos. O bacalhau hoje está com o preço nas nuvens e me esqueci como prepará-lo. Deve ter na internet. A paeja é um prato em vias de extinção como os frutos do mar.Dizem que em meados do século o mar não dará mais peixes. É triste para mim, mas para um evangélico uma boa notícia, pois crêem que quando tudo ficar irremediavelmente pior, Cristo voltará e aí ficará tudo melhor não de novo, mas de outro jeito, não imagino qual. Infelizmente não acredito mais nisso, de modo que deveríamos fotografar as paejas ainda feitas nos Natais e outras datas comemorativas para mostrar aos netos como se comia bem antigamente, mas é provável que eles não trocassem seu sanduíche de isopor por comida de verdade.
Igor Zanoni
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