domingo, 10 de julho de 2011

Neymar e companhia

Neymar e companhia

A torcida não gosta da ideia, mas um jovem talento como Neymar, há cerca de um ano no time principal do Santos e titular da renovada seleção de mano Menezes, deve ir para a Espanha mal completados seus dezenove anos. Ganha quinhentos mil reais de salários fora premiações, publicidade e outras rendas. No Real Madri vai ganhar bem mais. Muitos jovens com menos idade e menor talento saem também, como Lucas Piazón, do São Paulo. A torcida os chama de mercenários mas a indústria do futebol não tem o interesse da torcida. Seu negócio é o negócio, às vezes corrupto e corruptor. Poucos dos jogadores brasileiros têm chances aproximadamente rendosas como Neymar tem e terá, se nada acontecer com ele nesse esporte de alto risco e contato violento. Ele aparece sempre ao lado de seu pai, que o empresaria e compra suas brigas enquanto ele mantém sua cabeça em sua boa performance e em sua boa imagem. Em jogo recente na Escócia, ele foi chamado de “macaco”. Essa é parte da sua vida, herdando o patrimônio genético da maior parte dos brasileiros. Não espera bom tratamento no futebol como em nenhum setor da vida, exceto os que ele puder comprar, talvez. Daí a fome de grana. Dele e dos que vivem de suas jogadas, os empresários entrelaçados na rede do esporte, perdão, negócio. Manter a boa imagem familiar é parte de sua estratégia natural de se sair bem na vida, ainda mais que como bom evangélico, crê nesses valores familiares e os encarna. Vi na televisão esses dias o meia do Botafogo Maicossuel  dizer que chegou aonde está  na vida graças ao pai. Ele mora no clube desde os onze anos. Seu pai o ajudava no final de semana, quando se viam, a catar latinhas e vender para completar os quinze reais que gastava nos outros dias. Ele adora o pai, sua grande referência. Num país sem boa educação, saúde, perspectivas profissionais para quase todos os jovens, principalmente negros e pobres, seu pai fez a única coisa que podia para levar o filho onde hoje está, além de contar com enorme dose de sorte.  Poucos sabem, mas em países ricos jogadores de tênis ou de baseball ganham muito mais que os nossos jovens ídolos. Eles que ganhem o que puderem, é a lógica do mundo.

                              Igor Zanoni 

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